segunda-feira, agosto 30

Não precisa fumar...


Domingo, dia 29 foi o Dia Nacional de Combate ao Fumo e, como não tratei nada sobre o assunto na data, resolvi dar uma pesquisada e trazer algo a respeito...

Que fumar faz mal à saúde todo mundo sabe, sabe-se também que ... mas, você sabia que os fumantes passivos (aqueles que tem de suportar a fumaça dos ativos) podem ter a saúde mental prejudicada ? Pois é... além de ter os pulmões cheios de fumaça que não fumou, os passivos também podem ficar piradinhos... segue artigo a respeito...

Fumo passivo também pode prejudicar saúde mental, revela pesquisa


Estima-se que mais da metade das pessoas expostas ao fumo passivo apresentam algum tipo de repercussão biológica da exposição ao cigarro. Já é bem reconhecido que ele aumenta o risco de uma série de doenças, como o câncer, doenças pulmonares, infarto do coração, demência e derrame cerebral. Os danos causados pela exposição à fumaça dos outros chega a afetar até mesmo a saúde mental, é o que aponta uma pesquisa publicada na última edição do periódicoArchives of General Psychiatry.


Mais de cinco mil escoceses saudáveis e não fumantes, com uma média de idade de 50 anos, foram estudados por seis anos. Cerca de 2.500 fumantes, com uma média de idade de 45 anos, também foram acompanhados nesse período. O nível de exposição à fumaça do cigarro foi demonstrado pela concentração de cotinina no sangue, subproduto da nicotina que é bem validado como marcador da exposição à fumaça do cigarro. Os não fumantes que apresentaram as maiores concentrações de cotinina (0,7 a 15 microgramas por litro) tiveram uma chance significativamente maior de serem classificados como portadores de estresse emocional, condição definida por uma escala bem validada que avaliava sintomas de ansiedade, depressão, percepção do grau de felicidade e qualidade do sono (Questionário Geral de Saúde).

Além disso, durante os seis anos de acompanhamento, 41 voluntários do estudo foram admitidos em hospitais psiquiátricos por diversas razões, tais como depressão, confusão mental, entre outras. Tanto os fumantes como os não fumantes com altas concentrações de cotinina apresentaram maior chance de buscar um serviço psiquiátrico do que os não fumantes com baixos níveis de cotinina.

Os resultados são concordantes com estudos experimentais em que ratinhos expostos à nicotina no período da adolescência têm mais chance de desenvolver um comportamento apático e tornam-se mais vulneráveis a situações de estresse em fases mais avançadas da vida. Pesquisas em humanos também têm demonstrado uma associação entre tabagismo e depressão.

Mas será mesmo que a fumaça do cigarro leva a um aumento de problemas mentais ou seria o contrário? Poderíamos explicar essa associação pela maior chance de pessoas com problemas mentais frequentarem ambientes com exposição ao cigarro. Essa foi a primeira vez que uma pesquisa demonstra uma associação entre o fumo passivo e prejuízos à saúde mental em um estudo prospectivo, o que reduz sobremaneira a chance dessa segunda hipótese ser a melhor explicação.



Ricardo Teixeira é doutor em neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília e é o autor do blog “ConsCiência no Dia-a-Dia” - http://consciencianodiaadia.com/

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