sábado, abril 28

É impossível agradar a todos...

Aprendi desde menina que nunca se consegue agradar a todo mundo o tempo todo. Hoje o que se diz ou faz traz grande alegria para uns e raiva para outros. Amanhã, outra ação pode mudar a situação. Mas no fim não vai atender a todos os interesses de uma vez só. A vida é assim, cabe apenas à pessoas sábias entenderem e aceitar... 
O que para uns é inferno, para outros é céu... meus inimigos têm amigos que os adoram e os acham perfeitos... agradar é questão de jeito, de lado... 
RESPEITAR é que é opção!
Entendo que não nos tornamos mestres da razão julgando a conduta de alguém. Todos, eu disse, TODOS erramos e acertamos de alguma forma, segundo um ponto de vista. Eu não aprovar o que o outro faz não quer dizer que eu esteja certo e ele errado. Servimos aos nossos interesses ou a interesses de outrem SEMPRE. Protegemos nossos amigos e para isso muitas vezes maltratamos o inimigo...mas a vida é assim... ninguém, nunca vai agradar a todos ao mesmo tempo... 

Mas não há melhor exemplo do que a bela fábula que foi a que me ensinou, ainda menina, o sentido do desagrado...
Ei-la... do fundo baú... como lembrança e reflexão...



A FÁBULA "O VELHO, O MENINO E O BURRO"

(Merlânio Maia)
Conta tradição antiga
Que um velho camponês
Precisando de dinheiro
Em certa altura do mês
Manda o filho caçula
Buscar o burro ou a mula
Para vender dessa vez

O menino vem ligeiro
Trazendo o belo burrinho
Seguiram os três pra cidade
Logo de manhã cedinho
Ninguém montou no animal
Pra ele não dar sinal
De cansaço do caminho

Porém numa feia curva
Daquela feia estrada
Viram feio viajante
Que falou: - “Que “besteirada”!
O animal vai vazio
E o pobre velho senil
Vai a pé na caminhada”

- “Vejam, só, que grande asneira
É promessa ou penitência?”
E o velho lhe deu razão
Dado a sua obediência
E foi no burro montando
E o menino foi puxando
Na mais pura inocência

E foi dizendo o velhote
- “Só assim ninguém reclama
E tapo a boca do mundo!”
Sem saber que o mundo trama
Logo à frente as lavadeiras
Lavando nas corredeiras
Gritaram: - “Mas que burrama!”

- “Um marmanjão com saúde
Muito contente montado
E um pobre menininho
Puxando o burro! Ah, malvado!...
Este mundo está perdido
Desça daí seu bandido
Que o menino está cansado!”


Depois dessa, o pobre velho
Indignado acenou
E na garupa do burro
O seu menino montou
E disse ali sem demora:
- “Quero ver quem fala agora!?”
E o seu caminho tomou

Mas não deu nem dez minutos
Desponta ali na frente
Montado na bicicleta
Um roceiro e diz: - “Oxente!
O pobre desse animal
Não vai chegar ao final
Com esse peso em dia quente!”

Disse isso e foi-se embora
E o velho concordando
Desce, deixando o menino
E sai na frente puxando
Mas encontra outro sujeito
Que ao menino curva o peito:
- “Majestade!” O vai saudando.

Logo pergunta o menino:
- “Por que falas: majestade?”
- “Porque somente os príncipes
Tem servo na tua idade
Puxando as montarias
Não fosses rei não terias
Lacaio à tua vontade!”

- “Lacaio, eu?” – Diz o velho
- “Mas que grande desaforo!”
Desça ligeiro menino
Pra não ouvir este coro
Vamos com o burro nas costas
Pra ver se o mundo assim gosta
E não faça mais agouro

E os dois com o burro nas costas
Qual estranho ritual
Encontram alguns rapazes
Que fazem tal carnaval
Gritando: - “Vejam três burros
Só falta soltarem zurros
Quem é o mais burro afinal?”

E o velho grita: - “Sou eu!
Burro de orelha também
Querendo escutar o mundo
Sendo aconselhado além
Quem segue o mundo maluco
Vai morrer doido e caduco
Sem nunca agradar ninguém!”

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