sexta-feira, junho 18

Sobre minha passagem por Tutóia

Estrada de acesso a Tutóia
Eu já contei AQUI sobre a beleza que é, aos meus olhos, o céu da cidade de Tutóia. Cidade litorânea, que faz parte do Delta das Américas. Quando estive pela primeira vez naquela cidade, nem pensava sobre isso. Fui a convite de minha amiga Marinalva, para passear. Eu, ela, a filha dela Paulinha e IJ, com quem ainda namorava na época. Acho que foi em 1996, mais ou menos e quando chegamos lá era madrugada e tinha faltado energia elétrica. lembro que descemos do ônibus ao lado de uma igreja e Marinalva, que há muitos anos não ia por lá, olhava ao redor para tentar se situar, na escuridão, para onde seguir até chegar na casa de seu tio Luizinho(mais uma das minhas viagens de aventura). 
Foi no meio dessa procura que olhei para o céu, talvez em busca de uma ajuda divina. E então me deslumbrei. Quantas estrelas nos vigiavam naquele momento! O céu estava apinhadinho delas. Brilhavam como numa briga para ver quem era mais bela e eu me encantei. Andava olhando para cima e quase tropecei várias vezes. Nem lembro como foi que Marinalva conseguiu encontrar a casa de tio Luizinho. 
Por do sol, visto da sacada da pousada
Foram pelo menos quatro dias sem energia elétrica durante nossa visita, mas eu nem ligava. Toda noite me punha a olhar as estrelas e para mim, céu estrelado se tornou sinônimo de Tutóia. Sempre que penso em um, lembro do outro. 
A cidade hospitaleira, era bem simples e típica de interior mesmo. Nada demais para se ver ou fazer. era lugar de relaxar mesmo e curtir o nada. Eu adoreiiii.
Depois dessa vez, voltamos em Tutóia, desta vez só eu e IJ, em outubro de 1998. Eu tinha ido passar um fim de semana com ele em Tabuleiro de São Bernardo, um lugarejo onde IJ estava trabalhando e resolvemos pegar uma moto e ir visitar tio Luizinho, que havia nos recebido muuuitíssimo bem na vez anterior.
Viajamos despreocupados em uma moto grande, sem usarmos capacetes e sem termos espelho retrovisor.  Foi pouco mais de uma hora de terra e depois asfalto e finalmente estávamos na porta da casa de tio Luizinho. Tão querido e amável. Passamos o dia por lá, comemos um ensopado de ostra, especialidade do nosso amigo, conversamos, tiramos fotos, porque da vez anterior não tínhamos levado nenhuma lembrança dos bons amigos e ... fomos embora.
Navio naufragado na praia
Passados 12 anos, este mês, quando resolvemos viajar de carro para Parnaíba e no caminho não resistimos e desviamos para Tutóia. Eu queria ver se o céu estrelado ainda estava lá e IJ queria se recordar dos dias quentes e tranquilos de lá. A cidade estava ótima, cresceu, o centro comercial bem mais moderno do que o de 15 anos e nós meio perdidos no meio dessa nova cidade. Finalmente conseguimos achar a praia que sempre íamos. Olhei o velho navio naufragado, a pousada que ainda estavas sendo construída da última vez e que desta, já estava quase fechando..rsrsrs
Resolvemos dormir na pousada que ficava na beira da praia e que da outra vez combinamos que,quando voltássemos íamos ficar lá. Mas algo nos enervava. Mesmo sem falarmos, sabíamos muito bem o que era. Queríamos visitar tio Luizinho, mas estávamos com medo do que iríamos ver ou saber. Desde a primeira vez que estivemos em Tutóia, ele já era velhinho, um forte velhinho - diga-se de passagem -, que só comia peixe e vez por outra tomava uma cervejinha. Dizia que sua longevidade era por causa do peixe e eu acredito que sim. Mas já haviam se passado pelo menos 15 anos e temiamos pelo nosso amigo. Queríamos manter a última lembrança, mas ao mesmo tempo não nos perdoaríamos por não ter ido visitá-lo mais uma vez.
O sol nasceu em Tutóia
Rodamos pela rua onde ele morava várias vezes, não reconhecíamos mais a casa. Não queríamos perguntar. Confesso que era puro medo. IJ dizia que não queria saber caso algo tivesse acontecido com nosso amigo, mas ao mesmo tempo queria saber onde ele estava... até que paramos e perguntamos... 
Tio Luizinho não estava mais ali... segundo um amigo, ele se separou de dona Maria e depois foi embora para Tutóia Velha... e depois... virou estrela! A estrela mais reluzente do céu de Tutóia.
Não fomos ver dona Maria. Não sabíamos o que dizer. Ele era nosso amigo, ela nos recebia sempre como boa esposa dele. Teriam se separado, talvez tivesse ressentimentos. Preferimos ficar com as boas lembranças... 
A tio Luizinho fica nosso carinho...muito querido, nunca esquecido... Sempre que olhar o céu, aqui ou em Tutóia, me lembrarei dele... com saudade!
Olha euzinha aí...e IJ...( em 1998) fazendo moldura para a família que nos recebeu tão bem...


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