quarta-feira, abril 28

HOMENAGEM A UMA LEOA



Dona Ilnete das Mercês é uma senhora no alto de seus 75 anos de muita lucidez. Posso dizer, sem medo de errar, que ela é mais do que uma simples mãe, é uma leoa, pronta para proteger, sempre que necessário, as suas crias. E são sete. Sete filhotes, que, embora já tenham formado suas próprias famílias, aos olhos dela ainda são sua responsabilidade.
Com seus olhos de um azul claro e límpido, essa mulher forte e direta, consegue ler o fundo da alma das pessoas e tem quem não consiga sustentar aquele olhar, que eu tanto admiro.
Ela não tem problemas, mas toma si cada problema de seus filhos, tentando resolvê-los da maneira que puder e quando não consegue, chora junto com eles, com a mesma dor que sentiria se o problema fosse dela. 
Na casa dela ninguém come pouco, por que ela não deixa, assim como não deixa ninguém tomar apenas um copo de refrigerante, pois sai enchendo cada copo ao bel prazer, isso quando não obriga a pessoa ficar logo com dois copos na mão. Pois dona Ilnete quer todos satisfeitos, bem servidos e alegres. Sim, alegria é barriga cheia e é o que não falta em sua casa, quando todos os seus filhotes estão reunidos ao redor desta leoa. E ela traz cada um bem perto e conhece pelo rosto se estão bem ou não. 
Não se lamenta, não reclama, vive e revive sua vida, achando que sua obrigação neste mundo é servir. Por isso ela não liga para roupas bonitas e de grife, não se importa com eletrodomésticos caros e modernos, assim como não quer saber de nada novo. Para ela, importa o básico, se tem dois, dá um sem pestanejar. 
Ela costuma sair de casa quase todos os dias. Vai fazer visitar a parentes mais velhos e que precisam de atenção, também vai a igreja rezar ou orar pelos filhos e amigos que precisam e geralmente vai só, o que preocupa, já que não gosta de dar satisfações para onde vai e quando volta. Ela diz que ninguém lhe manda e eu já vi que não manda mesmo. 
Já tentaram lhe dar um celular, para poderem localizá-la, mas ela se recusou a aceitar, dizendo que isso não servia para ela. E assim segue dona Ilnete, que já teve um joelho quebrado há muitos anos, mas anda para todos os lados como se isso nunca tivesse acontecido. 
Mas de tudo o que já disse sobre ela, o que mais me admira é que, já tendo passado por tantas coisas em sua vida, dona Ilnete sempre tem uma palavra de alento aos que sofrem, sempre tem um relaxo aos que lhe provocam e sempre tem força para seguir em frente. É, aos meus olhos, uma das mulheres mais admiráveis que conheço e sinto-me muito honrada de poder estar perto dela, de conversar, aprender e sentir que ela não desgosta de mim. Ao contrário, desde que a conheci, e eu era uma menina, sempre me tratou muito bem e sabendo que eu gostava tanto do filho dela, me deu força e me aceitou. Ela é minha sogra, minha querida segunda mãe, que hoje eu homenageio, do meu jeito, escrevendo e deixando para a posteridade um pouquinho a história desta mulher guerreira, poderosa, dessa mãe forte que eu aprendi a amar. Por que hoje é o Dia da Sogra...
Niver de 75 anos, em outubro, com seus filhotes

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