quarta-feira, agosto 5

Luzes da vida


Por Ana Coaracy

Ontem à noite, passeando pela cidade à noite, me peguei olhando ao longe as luzes da cidade e lembrei que eu, quando criança, adorava olhá-las. Lembrei que para mim, era um encanto ver aquelas luzes do alto e que ficava esperando aparecer uma saída noturna para que pudéssemos passar por algum lugar alto em que pudesse contemplar aquelas maravilhosas, aos meus olhos, luzes encantadas.
Encantadas sim, por que quando as via, imaginava que em cada luzinha amarela ou branca daquelas, havia uma casa e em cada casa haviam pessoas. Lembro que ficava imaginando, olhando as luzes, o que estaria acontecendo dentro de cada casa. Queria saber o que aquelas pessoas estariam pensando naquele momento e, às vezes, quando dava tempo, criava uma ou outra história (só na minha cabeça) relacionada a algumas daquelas luzes (pessoas).
Fazia muito isso quando era menina e nem percebia. Até que ontem me vi novamente olhando para aquelas luzes. Acho que eram as mesmas. As mesmas luzes, as mesmas casinhas ao longe e quem sabe as mesmas pessoas. Comentei que adorava olhá-las e de repente novamente me vi perguntando o que será que aquelas pessoas estavam pensando. Desta vez falei em voz alta.
Esta vontade de saber o que os outros estão pensando ou vivendo me acompanha até hoje. No ônibus, quando o passeio é mais demorado, me vejo olhando pessoas na rua ou mesmo dentro do coletivo, absortas em seus pensamentos e fico tentando entrar em suas mentes e buscar o que estariam pensando, tento saber, só olhando, como são suas vidas.
É que às vezes lembro que cada cabeça é um mundo e queria saber como é o mundo dos outros, além das muralhas do meu. Será que alguém já parou para pensar assim ou estou querendo saber demais?
Se cada cabeça é um mundo e somos milhares, então existem milhares de mundos andando por aí e vivendo naquelas casas com luzinhas encantadas que vejo à noite quando saio para passear.
E cada vez que vejo aquelas luzes, volto a me perguntar sobre as casas, as pessoas e os pensamentos e volto a ser um pouco criança, em minha maquinação de criar histórias mirabolantes para aquelas mente que não posso explicar.

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